quinta-feira, 10 de abril de 2014

Mãe: desmistificação do nascimento- 1

O intuito é quebrar as ideias pré-concebidas e mostrar as coisas como elas realmente são, através da experiência de algumas mães e da sua percepção sobre o nascimento dos seus filhos, num tom mais informal.
Hoje começo com a minha experiência:

Esta é a história de como o Rodrigo veio ao Mundo e consequentemente, de como me tornei mãe.

A história começa dia 3 de Abril de 2013. Levantei-me de manhã cedo, para ir a uma consulta de termo no hospital de Gaia. Estava de 39 semanas e 3 dias de gestação. Depois dos exames de rotina chega parte em que a  Médica vê o bebé no monitor. Depois de muito ‘uhm’ e alguns ‘não se vê muito bem’, lá me diz que tenho que regressar ao hospital na manhã do dia seguinte para fazer uma ecografia no andar de cima onde os aparelhos têm melhor qualidade.
No dia seguinte apresento-me ao local da ecografia, acompanhada da minha tia.
Chamam o meu nome e lá vou eu. Mais alguns ‘uhm’ por parte desta médica e finalmente um ‘ o bebé já tem pouco líquido amniótico, volto já’.
A minha tinha diz-me: ‘Já foste, ficas cá e vão induzir-te o parto.’
Na minha cabeça não podia ser já, instalou-se o pânico.
Quando a médica volta e me diz exactamente o mesmo que a minha tia, o meu coração começou a bater a mil, e a minha cabeça a fumegar, só pensava ‘ não é possível, já?! Mas ainda falta quase uma semana, eu não estou pronta, isto vai correr mal de certeza, a minha tolerância à dor não é assim tão boa, não vou conseguir ter este bebé, que horror, vou morrer durante o parto…’ entre outras ideias estúpidas que se atropelavam no meu cérebro.
Fui ‘internada’ por volta da uma de dia 04 de Abril. Às 15h00 induziram-me o parto e dizem-me que pode demorar até dois dias (o drama, o horror, eu queria era despachar isto), e por volta das 18h30 já tinha contracções que doíam imenso e vinham de dois em dois minutos, andava para trás e para a frente, sentava-me na bola de exercícios e tentava respirar, vieram ver e ‘uh já está dilatada a 2’ e eu que só pensava ‘já?! Isto é gozar comigo, não levo epidural até chegar aos 5 pelo menos’, fui tomar um banho quente, andei de novo a caminhar para trás e para a frente (quando as dores deixavam). Entretanto houve mudança de turno, e voltei a ter uma enfermeira diferente. Esta era novinha e pergunta ‘Foi às aulas de preparação para o parto?!’ eu: ‘no’, ela: ‘Ihhh só nos faltava esta’, pronto, fiquei ainda mais “panicada”.
O tempo passa, as dores intensificam. A enfermeira “mor” ouve-me a gemer e vem dizer-me que me vai dar uma injecção no rabo para atenuar a dor. Eram cerca das 21h00.
Em vez de melhorar, piorou. E é aí que a médica entra em cena pela 1ª vez.
(Muito simpática devo dizer.)
Diz-me que não é normal depois da injecção, doer ainda mais. E decide verificar a dilatação: 7 cm!!
‘Ui, que dilatação tão rápida, vamos lá à epidural que ainda conhecemos o Rodrigo hoje!'
E assim foi, deram-me a epidural, esperaram que fizesse efeito, e oh! Surpresa, a epidural só fez efeito do lado direito. Sentia a dor do lado esquerdo-esperar pela dilatação a 10 e chamar o papá. E pronto. Chegou a hora (15 mulheres do staff só para o Rodrigo, mais nenhum bebé quis nascer nessa noite)
E era fazer forçar, era respirar, era fazer força. ‘Respire, respire’ diziam elas, e eu só dizia ‘não consigo’ E o Mr. a segurar-me na mão e a sentir-se impotente. A dada altura já não tinha mais forças. Teva que ser com a ajuda de ventosa e de duas enfermeiras a carregarem na minha barriga ao mesmo tempo que eu fiz força para ele sair. E saiu. Eram 23h20. Não chorou logo ao sair. Demorou 2 segundos a berrar, que me pareceram uma eternidade e eu já imaginava o pior. E depois, levaram-no logo para o limparem e pesar. A médica diz-me que vai carregar para sair a placenta, e que para certas mulheres era pior que o próprio parto. E eu, que já nem sentia nada, só lhe disse algo do género ‘go for it’. E não é que a única coisa que senti foi um grande alívio?
Estava a médica ainda a cozer o 'business' quando chega a enfermeira com o miúdo e o põe em cima de mim. Primeiros pensamentos ‘não é nada parecido comigo’ ‘porque raio é que nasceu com cabelo castanho’ e ‘ onde é que anda o sentimento de conexão instantânea de mãe-filho que me tinham prometido?!’ E depois, pedi ao pai que pegasse nele. E aí sim, vi algo de que já ouvira falar: um pai emocionado cujo filho lhe tinha agarrado o dedo e não parecia querer largar!


O processo do nascimento não durou mais que uns 10-15 minutos. Olhando para trás, sei que foi um ‘nascimento santo’.

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